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EUA/ espionagem

Rússia aceita examinar pedido de asilo de americano que revelou dados da CIA

Acusado de “traição” por parlamentares americanos e aclamado como um “herói” por Julian Assange (fundador do WikiLeaks), o americano Edward Snowden, que revelou o programa secreto de vigilância eletrônica nos Estados Unidos, permanece em silêncio em Hong Kong. A Rússia se disse disposta a oferecer asilo ao jovem, enquanto americanos querem que ele seja expulso da região semiautônoma chinesa para ser julgado em seu país.

Edward Snowden, 29, que revelou as atividades de monitoramento dos serviços secretos americanos, é manchete dos jornais ingleses e chineses em Hong Kong.
Edward Snowden, 29, que revelou as atividades de monitoramento dos serviços secretos americanos, é manchete dos jornais ingleses e chineses em Hong Kong. REUTERS/Bobby Yip
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Snowden, um especialista em tecnologia de 29 anos que trabalhava para uma empresa privada que presta serviços para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), passou à clandestinidade depois de escapar da imprensa e aparentemente deixou o hotel onde estava hospedado em Hong Kong, na segunda-feira. A Rússia, por meio de um porta-voz, declarou hoje estar disposta a examinar um pedido de asilo para o americano. "Se recebermos o pedido, será examinado", disse Dimitri Preskov ao jornal russo Kommersant.

O presidente da Comissão de Relações Internacionais da Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), Alexei Pushkov, previu que uma decisão semelhante provocaria a histeria dos Estados Unidos. "Ao prometer o asilo a Snowden, Moscou se compromete a defender as pessoas perseguidas por motivos políticos. Isto provocará a histeria nos Estados Unidos. Eles acreditam que são os únicos que têm este direito", escreveu ele no Twitter.

Snowden também havia indicado que a Islândia estava nos seus planos de um pedido de asilo político, mas Reykavik lembrou que ele precisaria estar em solo islandês para esta demanda.

Julian Assange solidário

Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, fez um apelo internacional pedindo para que seja oferecido um refúgio seguro ao jovem, depois que Snowden disse ao jornal britânico The Guardian que havia chegado a Hong Kong no dia 20 de maio com um tesouro de segredos de inteligência da NSA. Assange, que está refugiado na embaixada do Equador em Londres há quase um ano, disse que teve contato com o ex-funcionário da CIA.

"Edward Snowden é um herói que informou ao público sobre um dos acontecimentos mais sérios da década, que é a formulação progressiva de uma espionagem em massa do Estado", disse o australiano, à rede de televisão Sky News.

Snowden declarou ao The Guardian, em uma entrevista publicada no domingo, que escolheu Hong Kong como refúgio porque o território tem "uma longa tradição de liberdade de expressão", mas esta cidade do sul da China, que é um território semiautônomo, também tem um tratado de extradição com os Estados Unidos. Alguns senadores americanos afirmaram que suas revelações constituíam uma traição e disseram que ele seria extraditado o quanto antes.

A senadora pela Califórnia Dianne Feinstein - presidente democrata do Comitê Permanente de Inteligência do Senado - negou-se a fornecer mais detalhes, mas indicou que as autoridades americanas estavam tomando medidas enérgicas contra Snowden. "Todos os departamentos estão agindo intensamente", declarou à imprensa americana.

O chefe de espionagem do presidente Barack Obama, James Clapper, diretor da Inteligência Nacional, afirmou que as revelações de Snowden constituíam um grave prejuízo para a segurança dos Estados Unidos e transmitiu o caso ao ministério da Justiça, que abriu uma investigação.

Europeus cobram explicações

Na Europa, a Comissão Europeia anunciou que vai solicitar um “compromisso claro” dos Estados Unidos quanto à proteção dos dados dos cidadãos europeus. A Suíça pediu oficialmente esclarecimentos aos americanos, através da embaixada em Berna, sobre o caso de um banqueiro suíço enganado pela CIA, de acordo com relatos de Snowden ao jornal britânico. O jovem trabalhou na segurança dos sistemas de informática na missão permanente dos Estados Unidos em Genebra de 2007 a 2009.

“Uma boa parte do que eu vi em Genebra me retirou as ilusões sobre o funcionamento do meu governo e o seu impacto no mundo”, disse.
 

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