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Ciências/Descoberta

Homo sapiens saiu da África bem mais cedo do que se pensava

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (14) afirma que o Homo sapiens chegou ao território onde atualmente está situada a China entre 80.000 e 120.000 anos atrás. Com essa descoberta, o estudo prova que o ancestral dos seres humanos saiu do continente africano 70.000 anos antes do que se pensava.

O Homo sapiens teria saído da África oriental e atravessado a península arábica e o Oriente Médio antes de chegar ao sul da China.
O Homo sapiens teria saído da África oriental e atravessado a península arábica e o Oriente Médio antes de chegar ao sul da China. Flickr.com
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A descoberta de dentes humanos numa gruta da província chinesa de Hunan demonstrou que o Homo sapiens, que vinha da África oriental, provavelmente atravessou a península arábica e o Oriente Médio, chegando finalmente ao sul da China. "O modelo geralmente aceito era de que os humanos modernos deixaram a o continente africano há 50.000 anos", disse a antropóloga María Martinón-Torres, pesquisadora da University College de Londres e uma das autoras do estudo sobre as migrações do homem. "Mas constatamos que o Homo sapiens saiu da África muito mais cedo", disse a especialista em antropologia dental à revista Nature, que publicou o estudo.

As descobertas colocam ainda em evidência que os primeiros humanos, como conhecemos – que supostamente emergiram na África Oriental há 200.000 anos – poderiam ter sido chineses antes de serem europeus. Não há, até o momento, provas de que o Homo sapiens entrou na Europa antes de 45.000 anos atrás.

Duas teorias

Os 47 dentes que foram exumados de uma camada de argila cinza e arenosa na gruta Fuyan, perto da cidade chinesa de Daoxian, são muito parecidos com as peças dentais de "humanos contemporâneos", segundo o estudo. A prótese só pode vir de uma população proveniente de África e não da evolução de outras espécies de homens primitivos, como o extinto Homo erectus.

Os cientistas descobriram também os restos de cerca de 38 mamíferos, incluindo os exemplares de cinco espécies extintas, um deles um panda gigante, maior do que os atuais. Não foram encontradas ferramentas. "Dado o entorno da gruta, pode ser que não tenha sido um lugar onde viviam humanos", afirmou Wu Liu, da Academia Chinesa de Ciências, outro autor da pesquisa. 

Até o momento, os vestígios mais antigos de Homo sapiens a leste da Península Arábica vinham da gruta de Tianyuan, perto de Pequim, com cerca de 40.000 anos de antiguidade no máximo. A descoberta levanta questões sobre por que o Homo sapiens levou tanto tempo para ir para a Europa.

Os pesquisadores propõem duas teorias. Uma está relacionada com as temperaturas muito baixas na atual Europa, e que teriam levado nosso ancestral a migrar primeiro para o leste, e não para o norte. A outra é a presença intimidante do homem de Neandertal, espécie de humanos primitivos que foi disseminada no continente europeu até cerca de 50.000 anos.

"A ideia clássica é que o Homo sapiens se impôs ao império dos neandertais, mas talvez os neandertais tenham sido uma espécie de barreira ecológica natural, e a Europa um espaço muito pequeno" para duas as espécies, afirmou Martinón-Torres.

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